Inteligência artificial e o fim do sentido na vida.

Uma das pautas mais hodiernas do mundo se relaciona com as "inteligências artificiais", e elas representam possíveis futuros problemas para a humanidade, e é disso o que gostaria de falar hoje aqui.

Depois dessa breve introdução ao assunto, é importante deixar claro que não estou aqui para falar sobre nenhum benefício, porque, sim, existem, relacionados principalmente à aceleração do desenvolvimento de tecnologia no mundo, o que gera benefícios em diversas áreas, como na medicina, que pode ser muito beneficiada com a ajuda do trabalho de IA. Entretanto, não é sobre isso o que vou falar, é sobre algo que pode muito bem ser tão ruim que supere os benefícios da integração das IAs no mundo.

Com a introdução de IAs, trabalhos extremamente manuais tendem a desaparecer, com a integração dessa "inteligência" em máquinas, ainda mais porque custa bem menos manter um arsenal maquinário para a realização de trabalho braçal, a exemplo de uma fábrica que trabalhe usando o modelo fordista de produção, aonde várias pessoas ficam em uma esteira esperando para realizar sua função manual repetitiva de, por exemplo, colocar um volante em um carro. Entretanto, é preciso observar que essa mudança só beneficia os proprietários dessas fábricas, e, na verdade, não observa o viés dos trabalhadores que não têm o conhecimento e a experiência para exercer uma profissão que não seja braçal, e é isso o que se vê nos países subdesenvolvidos e emergentes, uma maioria descapacitada em relação ao exercício de profissões que demandam amplo conhecimento e anos de estudo.

Outro tópico relevante, em uma área mais filosófica, relaciona-se com o conceito de "sentido da vida". Uma resposta extremamente comum, e nem por isso pior do que qualquer outra formulada por filósofos e sociólogos renomados, para a pergunta "qual o sentido da vida" é a seguinte: "Quem dá o sentido da vida é o próprio ser humano que a vive". Sob esse ponto, com a integração de IAs no cotidiano, o trabalho se torna cada vez menos necessário, começando pelas funções extremamente manuais e daí, então, escalando-se para cargos que demandam cada vez mais precisão de pensamento. No fim, o trabalho se torna meramente uma manutenção periódica das IAs, até elas conseguirem fazer isso por conta própria, e, daí, haverá - em fim - a sociedade sem trabalho. Uma sociedade hipotética aonde todos podem aproveitar seu tempo, gozando dos frutos de uma invenção que é como um movimento perpétuo, um trabalho que gera mais energia do que gasta e se alimenta disso, se tornando infinito.

Entretanto, nem tudo são flores, na verdade, nada disso é positivo. Qual o sentido de viver, então? Tudo é automático, seu único trabalho é aproveitara vida, você viverá cada vez mais e todos os problemas sociais serão resolvidos gradativamente com o poder milhões de gênios trabalhando o tempo todo sem parar. Mas, qual o sentido de viver isso? Não alcançar nada, a monotonicidade é infinita, impossível de mudar, tudo é vazio, não há para onde subir, você está subindo sozinho e sem demandar esforço. Vale realmente a pena viver nesse mundo? Eu acho que não.

Esses são só alguns problemas gerados pela integração da IA no cotidiano de maneira intensa, um nos primeiros anos e outro depois de um tempo. Claro, existem outros contrapontos muito relevantes que prefiro não entrar no mérito aqui. Eles incluem, a exemplo, a falta da necessidade de artistas, músicos e empregados criativos, mas isso ainda não é atual, o estado atual das IAs não permite isso, tendo em vista que elas ainda são bastante limitadas no quesito "se afastar" do seu banco de dados, já que o que fazem é, nada mais nada menos, do que estudar uma database e começar a mesclar as coisas para criar coisas "quase novas", mas creio fortemente que, no futuro, isso será um problema do passado. Apesar disso, basta pesquisar na internet que então achará covers de artistas que já morreram feitos por IA e músicas muito bem boladas que funcionam como um "mashup" muito bem feito.